segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Sábado à noite!

Devido a uma emergência que me ocorrera nesse ultimo sábado à noite, problemas com minha conexão, saí, por volta das 20h, à procura de um local para recarregar o meu celular e, assim, poder conectar-me ao mundo.
Até então tudo transcorria em sua mais perfeita ordem até o exato momento que, como num conto de fadas, os meus sentidos passaram a ler o que estava a minha volta.  Por um rápido e discreto instante titubeie. O cérebro não deu conta de processar as informações da razão e da emoção. Tive um choque!
Havia um frenesi no ar, creio que natural de um sábado à noite, ao menos para os envolvidos é claro, pessoas sentadas, aos grupos, em suas portas, ou em bares  e quiosques, trailer, pizzarias, enfim, se divertindo. Toda essa agitação, por onde quer que eu passasse nessa minha árdua busca em pleno sábado à noite, fez com que involuntário e inconscientemente o meu “eu” buscasse uma explicação para o que estava a acontecer e, de forma rápida, a resposta veio como um soco na boca do estomago. Existe vida social.
Nesse instante o meu HD iniciou um processo de varredura na tentativa desenfreada, e porque não dizer desesperada, de encontrar cenas que me remetessem a uma vida social ao mesmo tempo em que os elementos que compunham o cenário à minha volta eram fielmente registrados, armazenados e processados.
Não sei dizer-te se isso foi bom ou ruim; mas o fato é que um breve filme passou pela minha cabeça, tipo assim, quando estamos à beira da morte – é o que dizem –, e os personagens que o integravam estavam,  naquele exato momento, em algum lugar qualquer, provavelmente usufruindo de suas vidas sociais, mas não ao meu lado.
A mente é uma miséria! Comecei a imaginar o que cada um dos atores do meu filme estariam a fazer naquele sábado à noite. A cogitar porquês que justificassem, ou ao menos tentassem explicar, o  motivo de não estarem ali, ao meu lado, ou eu ao lado deles. Senti-me carente...
E mais uma vez senti o soco na boca do estomago. Agora o sabor da solidão subia-me pela garganta e, como fel, deixara um gosto amargo ao paladar. Ali estava eu; sozinho, perambulando, feito intruso, no cenário da vida social alheia, sem ao menos sequer ter uma para compartilhar também, rumo a minha caverna para mais uma noite solitária; e o pior, que desta vez sem o meu principal refúgio, o cyber space, já que a merda da minha conexão não tava funcionando e a droga do meu celular continuava com os créditos bloqueados uma vez que não tive êxito no meu desafio de sábado à noite.
O único jeito foi sentar-me frente ao meu computador, confesso que na ilusão de que por algum milagre do acaso a conexão fosse estabilizada, e escrever essas poucas linhas como uma tentativa de afogar as mágoas e sobreviver àquela noite que pelo visto seria looooonga...
É! Acho que sobrevivi.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Eu fui para o Festival de Verão Salvador. E daí?!

Na semana que antecedeu o festival de verão a noticia da minha ida provocou reações e questionamentos diversos por enes pessoas. Engraçado como uma informação tão simplória mexeu com o imaginário e o “intelecto” de muita gente. Tô ficando importante!
Sim, eu fui ao Festival de Verão Salvador. E daí?!?!
Havia prometido a mim mesmo no início do ano, promessas que todos fazemos no réveillon, que esse ano me permitiria viver novas experiências. E já comecei a cumprir. Ir ao Festival de Verão foi apenas o início. Aproveitei de forma intensa cada minuto. E com a sede de desfrutar o novo a qual o meu “eu” tanto ansiava saboreei cada uma das mais diversas emoções; degustei dos prazeres da “carne” sem ter que necessariamente profanar-me ou corromper os meus valores; desfrutei de novas experiências sem que preciso fosse tornar-me leviano.
Sim, eu fui ao Festival de Verão Salvador. E daí?!?!
Nos acostumamos, facilmente, com o faz de conta; fingimos ser quem não somos; acreditamos que coelhos da páscoa põem ovos; celebramos o natal do papai Noel; elegemos palhaços, estilitas, ex-bbb, jogadores de futebol, forrozeiros e tantos outros picaretas como nossos representantes; e assim como o filósofo Jean-Jacques Rousseau acreditamos “que o homem é bom por natureza. É a sociedade que o corrompe”. Acredito que não se pode corromper o que por natureza já é corrompido.
Dito posto, não preciso de ninguém, e muito menos de desculpas esfarrapadas, para beber, me prostituir ou tornar-me um completo leviano. Posso fazer, e ser, tudo isso acolhido, ou melhor, escondido, entre quatro paredes de forma tal que nem o meu próprio reflexo no espelho saiba o que se passa. Velha práticas de uma sociedade hipócrita.
Sim, eu fui ao Festival de Verão Salvador. E daí?!?!
Confesso que amei. No entanto não me sinto menos santos ou mais pecador.  Como já disse, continuo acreditando nas mesmas coisas, embora agora elas se apresentem com alguns tons diferenciados. Confesso também que não foi a primeira vez que experimentei maconha, sem sequer ter fumado. As praças e praias das nossas cidades já se tornaram playgroud dos fumantes.
É ir ao Festival de Verão Salvador foi uma puta experiência... Ops! Perdoe-me o palavreado chulo; na verdade o que eu quis dizer foi que curtir o festival foi uma experiência de inestimável e incalculável valor... vivi reencontros e conheci uma galera foda... Calma! Não se escandalize por causa dessa palavrinha. Sempre soube muitas outras, até bem piores pra ser sincero, mas se não as usava não será agora que passarei a fazê-lo. Aos puritanos de plantão eu vos traduzo a minha expressão... na verdade não; vocês a entenderam.
Sim, eu fui ao Festival de Verão Salvador. E daí?!?!
E em parte até que a idéia de misturar tudo não é de todo ruim. Curti o melhor do pop/rock nacional, MPB, samba, tecno e até dancei forró. Só não fui à casa do pagode porque aí ninguém merece né? Fala sério! Eu tenho estilo e bom gosto. Ah! Até aprendi a dançinha da música “vou não, quero não, posso não...”  e sem falar que a Globo estava praticamente em peso... era um tal de cantor pra lá, atriz pra cá... por um pouco não encontrei celebridades gospel... Não! Isso não...  Seria um escândalo nacional e ela (a referida emissora) teria muito a perder, principalmente a audiência dos seus incalculáveis fiéis gospel... – ingenuidade de minha parte... Então, é melhor não forçar tanto a barra assim.
Sim, eu fui ao Festival de Verão Salvador. E daí?!?!
E apesar de concordar com o pensamento de Heráclito quando ele afirma que “[...] ninguém pode banhar-se duas vezes no mesmo rio [...]” eu continuo o mesmo; claro que com alguns novos conceitos; desprovido de alguns tantos preconceitos; defendendo os mesmos preceitos. Enfim, continuo o mesmo rio, mas com novas águas.
Sim, eu fui ao Festival de Verão Salvador. E daí?!?!

 “E daí se eu quiser farrear tomar todas num bar sair pra namorar
O que é que tem?”
(Guilherme & Santiago)